quarta-feira, 26 de abril de 2023

Comer em excesso é uma forma de evitar a dor

 "Precipitar-se sobre a comida de maneira compulsiva, assim como a obsessão pela forma física ou pela comida, são, muitas vezes, mecanismos de defesa. Chamamos de "estratégias para evitar", as técnicas utilizadas pelo nosso inconsciente para nos distrair do que está nos incomodando, nossos medos, angústias, necessidades de afeição e aprovação, raivas, problemas de identidade, entre outros." (Sylvie Batlle)

Trocando em miúdos, o conflito com o corpo e a comida é, muitas vezes, uma forma que você encontrou de evitar questões que não pode, não sabe ou não quer lidar.
Essas estratégias de evitação, podem ter entrado na sua vida recentemente ou em um tempo tão remoto, que você nem é capaz de lembrar. Desta forma, você apenas vai para aquele lugar automaticamente, como se dele nunca devesse ter saído, pois, em algum momento se sentiu muito segura ali. Isso não é auto sabotagem, você faz assim porque esse comportamento algum dia te deu o resultado esperado e, no viver automático, você nunca reavaliou se ele ainda faz sentido, nunca parou para olhar pra dentro e perceber que não adianta se distrair porque as questões sempre voltam.
Minha sugestão? Comece a conviver aos poucos com os desconfortos, primeiro olhe-os de soslaio, devagar vá se acostumando com eles, vá se abrindo para o que eles tem a dizer, fale sobre o medo que por anos te afastou deles.
Procure ajuda para reavaliar essas estratégias de evitação.
Não acredite que o seu caso não tem solução porque você não tem mais jeito, sempre há um outro jeito.

É Preciso Praticar

A pergunta que mais ouço no consultório é: "Como eu faço para mudar?", eu sempre respondo: Praticando o que você já sabe!

Muitos de nós (profissionais e clientes) nos iludimos com a ideia de que é preciso algo novo para promover as mudanças.
Nessa busca, a cada dia consumimos novos métodos, novas dietas, novas abordagens, novos inputs, novas formas de movimento, novos preceitos de boa alimentação e de boa saúde. Por outro lado, a despeito das milhares de antiguidades-repaginadas-novidades, as mudanças continuam a "passos de formiga e sem vontade".
É preciso olhar para a pergunta: Como eu FAÇO para mudar?
Fazer é um verbo transitivo direto que significa - desenvolver algo a partir de uma certa AÇÃO. Respondendo à pergunta acima, para mudar é preciso fazer.
Essa ação É a PRÁTICA!
PRATICAR É FAZER!
Se queremos praticar leitura, o fazer (a ação) é ler com frequência; se queremos praticar dança, o fazer (a ação) é dançar com frequência; se queremos praticar meditação, o fazer (a ação) é meditar com frequência; se queremos praticar uma alimentação com mais qualidade, o fazer (a ação) é se alimentar com mais qualidade com frequência, e assim por diante.
A frequência da prática é que leva à mudança do hábito ou comportamento.
Ao invés disso, o que fazemos?
- Compramos mais um novo livro;
- Nos matriculamos em uma nova academia;
- Baixamos um novo aplicativo;
- Consultamos um novo profissional;
- Adquirimos um novo curso on-line;
- Assinamos uma nova revista.
O simples fato de ser novo vai promover a mudança? Não vai!
Quem vai promover a mudança é a mesma você que já comprou tantos novos-tudo, mas, não teve tempo para praticá-los, e, pelo desuso, eles se transformaram em velhos-nada.

A Fome

Somos confrontadas, várias vezes ao dia, com situações que nos atiçam o desejo de comer alguma coisa, aprendemos que esse desejo de comer se chama fome. Raramente paramos para nos perguntar se aquela sensação, aquele impulso, aquela lembrança, aquele desconforto, aquele pensamento fixo, aquela vontade, aquele "troçinho" no peito, que nos visita de tempos em tempos ou o tempo todo, é realmente fome. E ainda que seja mesmo fome, de que fome estamos falando? Porque a fome não é uma só, ela é atriz de muitos papéis, ela passa de uma coisa a outra em poucos segundos, ela se manifesta de formas diferentes a depender da situação, ela às vezes é discreta, outras escandalosa, às vezes chega de mansinho, outras chega como uma avalanche. A fome pode ser invejosa, se alguém ao nosso lado a sente, logo a nossa se mostra também. Ela pode ser impaciente e querer tudo, querer agora, não saber esperar. Em alguns momentos ela é tão discreta que quase não se percebe, em outros é caprichosa e faz mil exigências para ser saciada. A fome pode ser do corpo, onde se manifesta através de barulhos indiscretos nos estômagos vazios, mas, também pode ser das emoções e aparecer como um buraco ou um aperto no peito, nos momentos de tristeza e solidão. Ela pode ser social, quando duas ou mais pessoas se reúnem, logo a fome aparece e a conversa em torno da comida se torna festa que só termina quando os corpos, saciados de alimento e de afeto, se deitam exaustos. Há a fome egoísta, quando não queremos dividir nosso pedaço com ninguém. Há a fome da boca, gulosa, voluptuosa e ainda a fome do nariz que não resiste ao aroma de um pão quentinho.

Sendo ela tão múltipla, não é tarefa fácil identificar de que fome estamos sofrendo quando nos derretemos diante de um pedaço brilhante de torta, logo após termos comido um farto jantar. Por esse motivo, precisamos ficar atentos diante dela, só assim poderemos diferenciar de que fome padecemos.
Um exercício simples que podemos praticar antes de nos fartarmos de comida é esse que se segue. 
Antes de partir pra cima da comida, se faça 3 perguntas apenas:
Eu quero?
Eu posso?
Eu preciso?
Preste bastante atenção na sua resposta, pois, uma coisa é verdade, o que queremos e podemos nem sempre é o que precisamos.